terça-feira, 6 de agosto de 2019

PAPO SÉRIO: LEISHMANIOSE


A Leishmaniose é uma doença infecciosa causada por diferentes espécies de protozoários do gênero Leishmania. Dependendo dos sintomas apresentados e dos agentes etiológicos, a doença pode ser classificada em Leishmaniose Tegumentar ou Leishmaniose Visceral, sendo a segunda a mais grave e a mais frequente em cães. A Leishmaniose tegumentar é causada pelo protozoário Leishmania mexicanaL. brasiliensis e L. tropica. Já a Leishmaniose visceral é causada pelo protozoário L. donovaniL. chagas.

A doença é conhecida mundialmente por ser uma zoonose de grande incidência, de ampla distribuição e com alto índice de mortalidade.

TRANSMISSÃO

A transmissão da doença acontece através da picada do mosquito do gênero Lutzomyia (infectado pelo protozoário), conhecido popularmente como mosquito-palha, birigui ou cangalinha, dependendo da região. Esses mosquitos são encontrados principalmente em lugares que possuem baixa luminosidade e matéria orgânica disponível em abundância, como em chiqueiros, galinheiros, matas e ambientes domésticos com restos orgânicos, lixos, entulhos e etc. Tanto o macho quanto a fêmea se alimentam dos carboidratos das plantas, mas apenas a fêmea é considerada vetor de transmissão, pois precisam do sangue para a nutrição e desenvolvimento dos seus ovos.
CICLO BIOLÓGICO

A infecção do vetor (mosquito-palha) começa quando a fêmea suga o sangue de mamíferos infectados. Ao ingerir esse sangue, o mosquito também ingere os macrófagos (células de defesa) que estão parasitados pelos protozoários da Leishmania na forma de amastigotas. Quando as amastigotas estão dentro do vetor, elas promovem a ruptura dos macrófagos e começam a se reproduzir por meio da divisão binária no trato digestivo anterior. Em seguida, as amastigotas se diferenciam para uma forma flagelada, denominadas de promastigotas. Para dar sequência ao ciclo, há uma nova diferenciação, agora da forma de promastigotas para paramastigotas. As paramastigotas migram do trato digestivo do inseto para o seu esôfago, onde permanecem aderidas no epitélio para se diferenciarem novamente e se tornam infectantes. Essa nova forma infectante é conhecida como promastigota metacíclica.

Ao realizar uma nova picada, a fêmea libera as formas promastigotas metacíclicas (infectantes) através da sua saliva. Quando essas promastigotas entram em contato com a epiderme do hospedeiro, elas estimulam uma reação de defesa do organismo, que é realizada inicialmente por meio da ação fagocitária dos macrófagos. Agora dentro dos macrófagos do hospedeiro, as promastigotas metacíclicas diferenciam-se em amastigotas e multiplicam-se intensamente até o rompimento dos mesmos. Essas amastigotas livres serão fagocitadas por outros macrófagos, tornando o processo contínuo. Dessa maneira, as amastigotas são disseminadas através da corrente sanguínea, chegando em outros tecidos ricos de células de defesa, como o baço, o fígado, linfonodos e medula óssea.

DIAGNÓSTICO

A Leishmaniose é difícil de ser diagnosticada, pois a doença não possui nenhum sintoma patognomônico (característico) e muitos animais podem permanecer assintomáticos. No entanto, alguns sinais clínicos são fortes indicativos da presença da doença, especialmente em áreas endêmicas, tais como: alopecia (especialmente a periocular), onicogrifose, perda de peso repentina e sangramento nasal.

Diversos exames podem ser feitos para auxiliar no diagnóstico, como: exame clínico, parasitológico, sorológico (imunofluorescência indireta, aglutinação direta e ELISA), histopatológico e citologia aspirativa. A citologia aspirativa, avalida através do esfregaço, costuma ser o método de eleição nas clínicas e hospitais, pois é rápido, de fácil execução, possui baixo custo, não é traumático e ainda garante a certeza do diagnóstico. Entretanto, a escolha do melhor método é realizada pelo Médico veterinário, que deve avaliar o quadro clínico e todo o contexto para decidir qual o mais apropriado em cada caso.


TRATAMENTO

Existem medicamentos aprovados no Brasil para o tratamento da Leishmaniose. A escolha da melhor terapia deve ser feita exclusivamente por um Médico Veterinário.


PREVENÇÃO

A prevenção é a melhor forma de evitar a disseminação da doença. Portanto, é importante utilizar coleiras com repelente nos cães, remover matéria orgânica em decomposição localizada próxima a sua residência (pois o vetor possui característica de voos de curta distância), manter os cães protegidos no período noturno (momento de maior atividade do mosquito), fazer a instalação de telas protetoras nos canis e seguir corretamente o plano de vacinação.

Por ser uma zoonose, a doença é transmitida dos animais para os homens e vice-versa. No caso da leishmaniose, o homem e o gato são hospedeiros acidentais, sendo os cães os principais alvos para a disseminação dessa enfermidade. Por isso é fundamental seguir as recomendações preventivas, a fim de reduzir ao máximo as possibilidades de infecção.


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